Mais solidariedade e esperança <br>à luta das operárias da Triumph
AVANÇO Os trabalhadores da Gramax, que levaram a sua luta pelo emprego e pelos direitos ao Governo e à Presidência da República, receberam notícias que reforçam o ânimo para manter a resistência.
A Triumph e o Governo têm responsabilidades nesta situação
Na fábrica em Sacavém, que desde 1961 foi da Triumph e que esta entregou à Gramax há pouco mais de um ano, a vigia permanente às instalações e ao seu recheio, iniciada no dia 5, não vai ser interrompida.
Para ontem à tarde, estava marcada na empresa uma reunião do pessoal com a administradora da insolvência, nomeada pelo tribunal na segunda-feira, dia 22.
Este era um desenlace muito esperado, desde que a Têxtil Gramax Internacional (TGI) anunciou, a 12 de Dezembro, que não iria pagar os subsídios de Natal aos 463 trabalhadores (mulheres, na maioria) e admitia recorrer à insolvência – desmentindo assim, na prática, as intenções de investimento que o patrão, Alexander Schwarz, tinha declarado a 4 de Janeiro de 2017, durante a visita do ministro da Economia à empresa.
«Esperamos para ouvir o que a senhora administradora da insolvência tem para nos dizer, e depois logo se vê o que vamos fazer», comentou Mónica Antunes, citada pela agência Lusa, na terça-feira. «Queremos trabalhar, mas também queremos os nossos direitos», salientou esta trabalhadora da TGI e dirigente do Sindicato dos Têxteis do Sul.
Sem receberem parte do salário de Novembro, o subsídio de Natal e o salário de Dezembro, com o mês de Janeiro a terminar, as trabalhadoras não esmorecem e, com o apoio da União dos Sindicatos de Lisboa e da Câmara Municipal de Loures, o seu sindicato chamou os jornalistas para, anteontem de manhã, anunciar iniciativas de reforço da solidariedade para com esta luta.
Bernardino Soares, presidente da Câmara, informou que o refeitório municipal vai trazer refeições para serem servidas na fábrica, assegurando apoio alimentar necessário e de qualidade.
No dia 18 de Fevereiro, às 16 horas, no pavilhão do Sport Grupo Sacavenense, vai realizar-se um concerto, cuja receita reverterá para um fundo solidário.
A recolha de fundos, por decisão tomada em plenário no dia 22, é centrada numa conta bancária, identificada no portal do município (IBAN: PT50 0036 0160 99100083668 86).
Ao longo destas três semanas, as mais diversas expressões de solidariedade têm chegado aos trabalhadores: actuação de grupos musicais e presença de artistas, ofertas (lenha e produtos alimentares) por estabelecimentos comerciais e muitas pessoas, mensagens de associações e organizações populares.
Nos últimos dias, em Lisboa, o sindicato e as trabalhadoras levaram a cabo acções de divulgação e sensibilização da opinião pública.
No dia 18, distribuíram informação na Rua Augusta, no Aeroporto e na Gare do Oriente, e fizeram a entrega simbólica de uma peça de roupa interior na Presidência do Conselho de Ministros, dirigida ao ministro da Economia, assim fazendo sobressair a não comparência deste na fábrica e assinalando que, tal como a Triumph, o Governo tem responsabilidades na actual situação.
No dia seguinte, realçando a ausência do Presidente da República junto das trabalhadoras em luta – em contraste com a muito divulgada generosidade do actual titular do cargo na distribuição de «afectos» –, um grupo deslocou-se a Belém. Enquanto uma delegação foi recebida por uma assessora do PR, os restantes trabalhadores permaneceram concentrados frente ao palácio presidencial. Foi depois feita distribuição de comunicados à população e aos turistas.